22.2.10

Chaves no bolso

Andei durante a noite inteira em busca de aventura ou uma boa companhia, mas minha busca foi desastrosa, saí cabisbaixo de um bar e fui para a minha solitária casa na tentava de procurar aquele que não via à muito tempo: eu mesmo.Pelo caminho percebi que alguém me seguia, caminhava na verdade quase ao meu lado, o ritmo de meus passos aumentavam conforme meus batimentos cardíacos, quando eu menos esperava, o estranho chegou bem rente à mim e colocou no bolso de meu casaco algo e seguiu seu caminho, eu sem pestanejar muito corri para casa.Cheguei em casa ainda assustado com o estranho acontecimento, tirei meu casaco, sentei-me em minha poltrona, e fiquei tentando entender a situação, depois de muito tempo pensando e não encontrando respostas, decidi então beber algo, fazer com que minha noite valesse a pena, peguei minha garrafa favorita de rum e me servi sem luxo.Tudo começa a me distrair, começo a fazer um resumo de meu dia, mas quando eu menos espero surge uma enorme nuvem e atrapalha meus pensamentos cobrindo assim lembranças de meu dia; a nuvem trazia consigo um pouco de mim, mas nada de muito importante, apenas pequenas lembranças de minha própria ausência, meus pensamentos tem áreas de riscos onde sempre evitei desbravar, pois tenho medo de não estar vestido adequadamente para a ocasião, de não estar com as armaduras certas,quando chego a esta fase eu sempre faço questão de voltar ao meu ponto de partida, onde me sinto mais seguro.Despois de meu momento de desbravamento na mistoriosa ilha de meu ser, resolvo então me desfazer do rum, e finalmente ir dormir, levanto de minha poltrona com meu casaco na mão, quando me dei conta de que o estranho havia colocado algo em meu bolso; a anciedade tomou conta de mim, vasculhei os bolsos e encontrei ao lado de minhas chaves um bilhete que dizia o seguinte:" Você sabe onde fica a porta, só não sabe qual chave usar", na hora uma sensação de culpa me assolou, de alguma forma eu sabia que aquele maluco estranho sabia muito bem o que havia escrito, e isso me caiu como uma luva,corri para a frente do espelho, e olhei bem para dentro de meus olhos, vi então várias portas, todas abertas, mas apenas uma continuava fechada;olhei para meu rosto, cada linha de minhas rugas, cada minúncia de minha expressão, me olhei de uma maneira que nunca havia me atrevido, ao fazer isso percebi um brilho no meu olhar, como se houvesse alguém voltando de tão longe e que trazia abraços saudosos, mas ainda havia uma única porta para eu abrir e por esta porta entraria este alguém, apenas preciso saber onde estao minhas chaves, tenho tantas, qual vai abrir a porta?, esta pergunta ainda nao consegui responder, pois há muita coisa para vasculhar, apenas tenho a certeza que preciso da ajuda deste alguem, me preparo enfim para o encontro, visto a armadura certa em busca de minha chave,em busca de mim mesmo, iniciando assim uma nova aventura em companhia de meu rum.

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